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Data de publicaçao: 17/09/2014
Projeto Asbesto - Mineração - “Morbidade e Mortalidade entre Trabalhadores Expostos ao Asbesto na Atividade de Mineração – 1940-1996”

O Asbesto, do grego, ou Amianto, do latim, é um bem mineral, utilizado pelo homem desde as mais antigas civilizações. É, seguramente, uma das substâncias mais estudadas nos últimos tempos, sendo apreciado por uns e proscritos por outros. Permitiu até adjetivações do tipo “crisófilos” e “crisófobos” como alusão ao asbesto do tipo crisotila. Entre nós, foi tema de livro, denominado AMIANTO - mineral mágico ou maldito. Entretanto, mesmo tendo sido pesquisado intensamente, muitas indefinições ainda instigam acaloradas discussões e polarizam o meio científico.
Seu uso comercial é do final do século 19; sua produção atual supera o milhão de toneladas por ano, e as primeiras publicações científicas datam do inicio deste século.

No Brasil, foi estudado de maneira pontual e, apesar da sua utilização durante mais de 60 anos, desconhecemos o impacto sobre a saúde dos trabalhadores expostos a essa fibra mineral de ocorrência natural. Cientes desse atraso, um grupo de pesquisadores, ou simplesmente pessoas interessadas em conhecer um pouco mais dessa realidade, em nosso meio, decidiu aceitar esse desafio. Iniciamos pela extração do mineral, origem da sua transformação, e discutimos com os mineiros e a empresa os objetivos e métodos de investigação, ancorados em experiências e apoios de grupos internacionais da maior credibilidade acadêmica em pesquisas dessa natureza. Nasceu, assim, o Projeto Asbesto. Percorreu todos os trâmites burocráticos institucionais pertinentes. Aportou na FAPESP e teve o seu aval científico e financeiro.

Nos tempos seguintes nos dedicamos ao trabalho de campo, em regiões longínquas, desprovidas de maiores recursos e povoada por gente humilde e respeitosa pela presença do “doutor”. Passaram-se informações pessoais e médicas da maior valia, e que hoje compõem e consolidam um banco de 13 dados. Nele nos debruçamos para analisar essas informações e tentar transformá-las em algum conteúdo útil. Assim o fizemos, e estamos apresentando os nossos resultados finais à comunidade científica brasileira.

Sabemos que na vida e, consequentemente, no meio acadêmico, frequentemente somos julgados pelas nossas iniciativas e até pela ousadia de querer fazer pesquisa neste Brasil. Às vezes somos até condenados. Ora por pessoas com poderes temporários, ora por outros que se acham acima do bem e do mal, doutos em demasia, pretensos paradigmas da moralidade, e ainda, por aqueles inescrupulosos, de todos os matizes, que usam de tudo para tentar denegrir vidas construídas com decência e solidez. 

Estamos cientes de que empenhamos todos os nossos esforços e pretensa competência para realizarmos o que propomos. Buscamos fazê-lo com o que temos de melhor. Estamos conscientes das suas falhas, equívocos e imperfeições. Pretendemos que sejam apontadas para que possamos conhecê-las e aprimorá-las em eventuais estudos futuros. Esperamos estar contribuindo para o melhor conhecimento deste assunto, tão polêmico e controverso em nossos dias, enlameado de conteúdo político e econômico e frequentemente camuflado sob o jargão científico.
Apresentamos dados científicos, públicos e com a pretensa esperança de estarmos ajudando as nossas autoridades a melhor decidirem por essa questão, pois, o que está em discussão é a saúde dos trabalhadores, razão maior deste projeto.

Ericson Bagatin
Coordenador do Projeto

 

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