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Data de publicaçao: 17/09/2014
Resposta toxicológica do amianto crisotila brasileiro

Estudos de toxicologia por inalação com amianto crisotila foram feitos no passado em doses excessivamente altas sem considerar o número e as dimensões da fibra. Assim sendo, as exposições ultrapassavam os níveis de sobrecarga dos pulmões tornando a avaliação quantitativa destes estudos difícil, se não impossível. Para avaliar a resposta celular e patológica do pulmão de ratos a um aerossol bem definido de amianto crisotila, um estudo de toxicologia por inalação subcrônica por 90 dias foi conduzido usando-se o crisotila comercial brasileiro (CA 300). O protocolo foi baseado naquele estabelecido pela Comissão Européia para a avaliação de fibras vítreas sintéticas. O estudo também foi destinado a avaliar o potencial de reversibilidade das alterações e permitir associação de respostas com a dose de fibra no pulmão e a influência do comprimento da fibra. 

Ratos machos Wistar foram aleatoriamente designados para um grupo de controle de ar e para dois grupos de exposição a CA 300 a concentrações médias de aerossol de fibra de 76 fibras L > 20 μm/cm³ (total de 3.413 fibras/cm³) ou 207 fibras L > 20 μm/cm³ (total de 8.941 fibras/cm³). Os animais foram expostos usando-se um sistema de fluxo inalatório pelo nariz por cinco dias consecutivos, 6 horas por dia, durante 13 semanas consecutivas (65 exposições) seguidos de um período de não exposição subseqüente que durou 92 dias. Os animais foram sacrificados após a cessação da exposição e após 50 e 92 dias de recuperação em não exposição. Em cada sacrifício, cada subgrupo de ratos foi avaliado para a determinação da carga pulmonar; exame histopatológico; resposta à proliferação celular; lavagem brônquio-alveolar com determinação de células inflamatórias e para a análise por microscopia confocal.

Apesar dos 90 dias de exposição e dos 92 dias de recuperação, a exposição uma média de 76 fibras L > 20 μm/cm³ (total de 3.413 fibras/cm³) ao crisotila resultou em nenhuma fibrose (escore Wagner 1,8 a 2,6) em nenhum momento e apenas um aumento mínimo nos PMNs. Em um estudo comparável sobre a fibra CMS biossolúvel conduzido em um nível de exposição semelhante, o classe Wagner 4 de fibrose foi observado com um aumento moderado nos PMNs. Os autores atribuíram isto a um efeito de sobrecarga devido ao grande número de partículas. A dose mais alta de crisotila usada no estudo atual ultrapassou tanto em termos de fibras com L > 20 μm quanto no total de fibras/cm³ a concentração usada em qualquer outro estudo comparável subcrônico de fibras. 

Mesmo assim, a resposta global a esta dose excessivamente alta de crisotila foi menor do que aquela de MMVF21 ou E-glass a concentrações consideravelmente menores. Como previsto em recentes estudos de biopersistência do crisotila, este estudo mostra claramente que exposição a uma concentração 5.000 vezes maior do que o US-TLV, o crisotila não produz qualquer resposta patológica significativa.